Cantinho da Criança

LUCAS: "Tu já terminou, doidinho!"
JEFFERSON: "Eu não sou doidinho. Me desculpe, mas eu não sou doidinho não, meu filho! Me respeite!"
LUCAS: "Eu tenho que respeitar o mais velho e não o mais novo! Não é não tia???"

(E o salário, oh... rsrsrs)

Alunos da tarde olhando um desenho:

"É não, tem 4 pernas!"
"Tem não, tem 3!"
"Tia, o cachorro tem 4 pernas, né?"
EU: "É"
"Então, onde tá a outra perna?"
"Deve tá escondido!"

(Imaginar que eles estão descobrindo isso! rsrsrs É mesmo uma graça trabalhar com crianças dessa idade!)

Enquanto eu pintava uma atividade, a Lorena passou alguns minutos ao meu lado olhando para mim. Então ela diz bem séria:

"TIA, COMO É QUE A SENHORA CONSEGUE PINTAR SEM BORRAR???" 

Na volta para a minha sala, passando pelo corredor ouço bem alto:


MENINO: "Ai que maravilha! Ai que bom viver de novo!" (???)

Gente,

como vocês trabalharam o Dia dos Pais na sala de vocês???
Porque eu tive algumas dificuldades...
Na ocasião do Dia das Mães eu preparei um projeto para a semana toda e foi super legal! Daria para durar o mês todo se eu quisesse por que tinha motivação minha e das crianças. Se algum aluno não tem mãe, tem avó ou tia e isso, no final das contas, dá no mesmo!
Mas para comemorar o Dia dos Pais...
Eu não vi nas crianças nenhuma motivação! Tive que driblar vários comentários negativos e algumas carinhas de "eu não quero fazer".
Muitos dos meu alunos não têm pai e, pelo visto, poucos têm uma referência masculina em casa.
Planejei apenas duas aulas.
Assim como eu fiz com o Dia das Mães, tentei fazer também com o Dia dos Pais, aproximando os laços, mas me deparei com isto:

EU: Sabem o que é um pai coruja? (a atividade falava de "pai coruja") 
(Várias respostas)
EU: Pai coruja é aquele que cuida e proteje o seu filho (falei isso abraçando uma aluna que estava na minha frente, a Lorena)
LORENA: Tia, o meu pai bebe!
EU: Mas ele gosta de você!
LORENA (gritando): Tia, o meu pai não cuida de mim. Ele bebe!

Revisitando o cidadão


Tá vendo aquele guarda, cidadão?
O incentivei a estudar!
Foi um tempo de esperança
Eram mais de vinte crianças
Indo pra lá, vindo pra cá.
Hoje depois dele empregado
Olho pra ele e fico intrigado
Pois ele foi autorizado
A me chamar de problemático
E eu digo: Não, sou matemático!
E continuo a explicar:
Minha carreira depende disto
Se eu não entrar estou é frito!
Educação não é 'dispendício'
E pra aumentar o meu suplício
Eu ainda posso ser detivo
Por terem do piso esquecido...


Tá vendo aquela jornalista, cidadão?
Ela estudou comigo já!
Dela lembro e não me arrependo
Sem quadra e sem assento
A estimulei a questionar.
Minha colega inocente
Vem pra mim toda contente
"Aquela ali vai nos entrevistar!"
Mas depois veja que contradição
O que falei não vai ao ar
E depois de tanta confusão
Eu ainda saio como vilão
Pois, o aluno precisa estudar!
Essa notícia doeu mais forte
Por que é que foram vincular?
Eu me pus a lamentar:
Eu não quero ser rei
Só quero o que está na lei
E o direito de planejar...

Tá vendo aquela Câmara, cidadão?
Que é pra ser dos trabalhadores,
Agora estou toda semana por lá!
Convoco os colegas educadores
E vamos pelo piso reivindicar!
Lá foi que eu me arrebentei
Tem demagogia sem lei
E eu sequer posso argumentar.
Foi lá que seu presidente disse
Que nós não somos professores
E que sua preocupação
É com a integridade dos vereadores!
Eu não posso acreditar!
Foi comigo que aprendeu a contar
Lhe falei do rio e das serras
Fiz de tudo para lhe ensinar.
Hoje ele é dr. com amarras
E se a gente não lutar com garra
Ele pode nos atrapalhar!

(Valeu RAZEK por ter me cedido uma cópia do seu texto para eu colocar no meu blog, ainda na ocasião da greve pelo piso dos professores!)

GABRIEL: Tia, falta quantos minutos para o recreio?
EU: 20 minutos
GABRIEL: 20 é assim? (mostrou uma mão)
EU: Não
SARA HELENA: É assim? (mostrou as duas mãos)
EU: Não
GABRIEL: E como é tia?
SARA HELENA: É dos pés e das mãos!